domingo, 19 de setembro de 2010

Meu Irmão

Fatos e Relatos

Um belo dia, estava em casa e fui tomar meu banho. Quando fui colocar o desodorante, descobri que este estava  praticamente no fim. Já era de noite e eu achei melhor jogar fora no lixo da cozinha, que é bem grande e o meu do quarto é pequeno, ficaria cheio. Como o conteúdo era sobre pressão (eu uso desodorante aerosol), fui esvaziando o frasco pelo corredor, já tinha terminado o produto, restava somente ar comprimido na embalagem.
A minha casa tinha um corredor bem longo em 'L' e de um lado ficava a parte íntima (quartos e tal) e na outra ponta a social (sala, cozinha, etc). Tínhamos convertido o quarto de empregada em um escritório e era onde ficava o computador. Meu pai queria fazer uma porta que ligasse o quarto ao corredor diretamente, mas no momento ainda tinha que atravessar a cozinha e a área de serviço para acessar o local. Fiz minha caminhada contente, me dirigindo para o lixo enquanto esvaziava a latinha, pensando no que faria com o resto do meu fim de semana.
Quando cheguei na cozinha, para meu espanto, meu irmão - que estava no escritório - estava branco, comprimido contra a quina da parede e fitando a porta com uma cara de pânico.
- O que houve? - perguntei, preocupada.
- O barulho, você ouviu?
- Que barulho?
- Um Tsssshhhhh.
Demorou, mas eu entendi:
- Ah, era isso - eu acionei o botão.
- Hm - ele relaxou, meio sem-jeito, e começou a rir.
Acho que eu deveria explicar que meu irmão é meio hipocondríaco e tem uma tendência a exagerar as coisas. Um exemplo disso foi quando ele chamou uma reunião familiar porque estava com hemorragia e na verdade ele simplesmente comera muita beterraba.
- O que você pensou que fosse?
Sem jeito, ele fitou-me e disse:
- Pô, eu estava aqui, aí comecei a ouvir o barulho. Começou baixinho e foi aumentando, como se fosse algo chegando perto (e era mesmo, eu, no caso) Aí eu achei que alguma coisa estava descendo pela ventilação do prédio.
À guisa de explicação: a ventilação do meu prédio era bem grande, até demais. Minha dúvida, contudo, era outra:
- Algo descendo? - preparei-me - Como o quê?
Ele evitou meus olhos por uns instantes:
- Pensei que era uma nave.
Eu me escangalhei de rir. Não se enganem, ele é mais velho que eu.
- Sério, B. E eu só conseguia pensar: droga, eu sabia, sabia, que isso ia acontecer comigo.
- Isso o quê? - indaguei, ainda rindo.
- Abdução.

Meu deus. Eu vi a expressão em seu rosto, o modo que ele se segurava na parede, eu sei que ele realmente estava temeroso. É realmente genial alguém não só confundir o som de um desodorante com de uma nave, mas além disso ter a pura convicção de que estava fadado a passar pela experiência de uma abdução alienígena, veja bem. Super mundano, uma opção sempre presente em nossas mentes.
Imaginem este diálogo:
Moça na plataforma: Será que esse barulho é do trem do metrô chegando?
- Pode ser... - responde sua amiga - Ou talvez dessa vez eles pegaram a gente.
- É. Ou um ou outro. Fato.

Ai ai...

2 comentários:

  1. hahahahah, eu lembro dessa história, é bem a cara dele hehehe...
    depois conta aquela da nossa amiga C. e seu tailandes correndo no corredor, não lembro dos detalhes.

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  2. HAHAHAhahahahahahahaha!!! Eu tinha esquecido dissoooo!!! Hahahah! Tb tem a das 'coisas muito estranhas', no eu nunca!

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